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Apenados constroem casas para cães errantes no Presídio Regional

Com o apoio da Prefeitura e da comunidade, casinhas de cachorro são construídas e entregues

21-06-2018 | 12:51:27

      De acordo com um famoso ditado popular, a mente vazia é terreno fértil para ideias ruins. No Presídio Regional de Pelotas (PRP), os apenados que participam do projeto Mão de Obra Prisional (MOP) mantêm-se ocupados na construção de casas para cachorros errantes e comunitários. A matéria prima é doada por empresários locais e pela própria comunidade e transportada pela Secretaria de Serviços Urbanos e Infraestrutura (Ssui) até o PRP. 

Casas de cachorro são construídas pelos apenados do Presídio Regional de Pelotas. Fotos: Gustavo Mansur

      O diretor de Monitoramento Eletrônico do PRP, Hamilton Martins, conta que a iniciativa foi criada em 2015, na gestão do diretor Flúvio Bubolz, como uma maneira de manter os presos ocupados e produtivos durante o período de cumprimento da condenação, além de oferecer uma gratificação através da redução da pena – a cada três dias trabalhados o apenado tem um dia descontado de sua pena.

“Consequentemente, todas as partes saem ganhando: o apenado que tem a redução de sua pena conforme os dias de trabalho, e os animais que recebem as casas”, destacou o diretor de Monitoramento Eletrônico, Hamilton.

      A ideia ganhou o apoio do Poder Público e da comunidade e, atualmente, integra a estratégia Segunda Chance do Pacto Pelotas pela Paz, com o objetivo de reinserir os apenados no convívio social e de prevenir a reincidência após o cumprimento da pena.

Para participar

      Hoje quatro presos participam da produção das casas para os cães errantes. Para participar da atividade, Hamilton explica que é preciso manter bom comportamento depois de ingressar no sistema.

      Inicialmente, quando o projeto foi criado, eram produzidas até seis casinhas por semana. Mas, a depender do empenho da comunidade em arrecadar e doar os materiais para a confecção dos abrigos - como tábuas, telhas e pregos - os apenados podem produzir até 15 unidades por semana.

Exemplo a ser seguido

      Presos com bom comportamento podem aderir ao MOP. Foi o que ocorreu com Paulo, que começou a fazer parte do projeto logo no início. Ele conta que com a atividade mantém a mente ocupada, além de se sentir produtivo e ainda colaborar para uma causa maior.

“A experiência com a marcenaria tem sido muito importante. Sempre sonhei em trabalhar com madeira”, comentou Paulo, enquanto mostrava sua arte com artesanatos.

      Antes de ser condenado, Paulo trabalhou em pequenos serviços que envolviam a marcenaria. Quando a oportunidade de construir casas para os animais surgiu, em 2015, ele não pensou duas vezes. Também destacou que pretende seguir trabalhando na área após sair do sistema prisional, pois encontrou no ofício o sentido para sua vida.

Na frente da minha casa

      Rafael Oliveira é morador da rua Siqueira Campos, no Simões Lopes. Em frente à sua residência está uma das casinhas confeccionadas no presídio e que serve de abrigo para os cães comunitários Guardião e Linda. A casa é conservada pelos moradores da quadra que também rateiam alimentação, vacinas e tratamento veterinário, quando necessário. 

Fotos: Marcel Ávila
“É claro que a ação coletiva que envolve os apenados é boa para eles, mas vejo também o lado dos animais, que recebem um abrigo para se protegerem”, destaca Rafael, morador do Simões Lopes.

      Oliveira conta que fez o pedido para a direção do presídio, após ver algumas espalhadas pela cidade e em pouco mais de três dias a residência canina foi entregue. No prolongamento da rua Uruguai, no mesmo bairro, outras casinhas foram colocadas para os cães de rua. O espaço é dividido por três animais, que recebem alimentação e são cuidados pelos moradores daquela localidade. Interessados em obter uma casinha devem levar o material, que não precisa ser novo, até o Presídio Regional de Pelotas (PRP) e solicitar o serviço. 

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cachorros de rua, casinhas, apenados, presídio, mop, mão de obra prisional

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