Servidores da Secretaria de Assistência Social (SAS) e cerca de 80 usuários do Centro Pop participaram de uma confraternização nesta quinta-feira (9), que marcou o início das atividades do órgão. 

Fotos: Michel Corvello

O evento começou com a apresentação do plano de trabalho para 2020, de um documentário sobre pessoas em situação de rua, seguida por uma roda de conversa sobre a criação de um jornal produzido e vendido por eles, apresentações de música e um almoço comemorativo.  

Aos 30 anos, o rapper e educador social Jota Will é um ex-morador de rua e apresentou a sua história aos participantes. Ele conta que aos 17 anos saiu de casa e passou sete anos nas ruas. Para ele, o retorno à família se tornou possível, principalmente, em função das políticas públicas. Frequentou o Centro de Atenção Psicossocial (Caps), o Centro Pop, mudou-se para Rio Grande, onde conseguiu emprego e morava em um albergue e, por motivos de saúde acabou voltando para Pelotas. Com o auxílio-doença e, já livre das drogas, foi aceito em casa, novamente. Com a rescisão do contrato de trabalho gravou seu primeiro disco e, há cinco anos, vive exclusivamente da música e de projetos sociais. Ele conta a sua história no documentário “Do cachimbo ao microfone”, que pode ser encontrado no Youtube.  

Para o secretário da SAS, Luiz Eduardo Longaray, iniciativas como essa são importantes, pois mostra exemplos que deram certo, levam para dentro do serviço pessoas com histórias positivas para contar, de quem conseguiu sair das ruas, das drogas, para que outros usuários possam se espelhar.

Fotos: Michel Corvello

Will, junto com parceiros, como o projeto de mídias alternativas, Outras Vozes e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul) estão organizando um jornal local que seja a voz das ruas, produzido por pessoas em situação de rua e parceiros e vendidos pelos próprios participantes. A primeira edição será patrocinada pelo IFSul, e o grupo está buscando mais parceiros para custear novas edições e a identificação dos vendedores – camisetas e crachás.  

Como o Centro funciona

O espaço é aberto às 8h30. Ao chegar, os cerca de 70 usuários tomam banho, lavam suas roupas e tomam café. Mais tarde é servido o almoço, fornecido pelo Restaurante Popular, que fica no prédio ao lado.

As técnicas fazem os encaminhamentos para a emissão de documentos e serviços, como de saúde, e a reinserção social, com o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Também ajudam na montagem do currículo e os levam para vagas de emprego.