Organizado pela Prefeitura, evento aposta no potencial turístico de Pelotas e da Zona Sul
14-06-2019 | 11:17:53
A 27ª Feira Nacional do Doce (Fenadoce), uma das principais expressões da tradição doceira de Pelotas - reconhecida como patrimônio imaterial brasileiro - abriu espaço, nesta quinta-feira (13), para o ‘I Seminário de Turismo e Cultura: Pelotas Patrimônio Nosso’. Promovido pela Prefeitura, por meio da Secretaria de Desenvolvimento, Turismo e Inovação (Sdeti), o encontro reuniu especialistas quando o assunto é preservação, com intuito de tornar o município um polo no setor, fomentando também a economia regional.
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Patrimônio Nosso: município promove seminário de turismo e cultura
O seminário voltado à conservação e educação patrimonial trouxe para um painel de discussão o técnico em conservação arquitetônica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Luiz Antônio Bulcato Custódio; o secretário de Turismo e Lazer de Laguna (SC), Evandro Carneiro Flora; e a professora da Unisinos e doutora em Planejamento Urbano e Regional, Cristina Schneider.
O evento também serviu para a apresentação das potencialidades da Princesa do Sul a jornalistas especializados na área, de todo o Rio Grande do Sul e do Brasil, por meio de parceria com a Associação Brasileira de Turismólogos e Profissionais do Turismo (ABBTur).
Pelotas chegou a esse status inédito de reconhecimento patrimonial, através de um esforço coletivo, ao longo de anos de aprendizado, ressaltou a prefeita Paula Mascarenhas. A capacidade que a cidade teve de criar mecanismos de consciência patrimonial é um dos pontos principais dessa conquista.
“Aprendemos errando e sofrendo, mas não deixamos de aprender com os fatos e as experiências, e com os outros. É uma sabedoria, que foi enaltecida pelo Iphan em Brasília. Muita coisa se perdeu pra sociedade se dar conta e passar a proteger melhor e aproveitar melhor o que se tem”, afirmou a prefeita.
Paula ainda enfatizou que as maiores riquezas de Pelotas são o seu povo talentoso e a sua diversidade. Esta última, na maioria das vezes, apresenta um problema paradoxal ao município: no que investir?
“É tanta coisa. Temos pampa, mas também temos serra. Temos água para todos os lados. Somos um polo educacional. Temos artistas talentosos por todas as áreas, os nossos patrimônios, as nossas charqueadas... É coisa demais, e a gente, às vezes, se perde no meio de tanta riqueza. Mas agora a gente se dá conta de que o que precisamos vender é a nossa diversidade. Esse encontro de culturas. E não só nós, mas toda a região”, destacou a chefe do Executivo Municipal.
Parte do seminário foi destinada ao uso da tecnologia na promoção dos atrativos da cidade. A diretora de turismo da Sdeti, Lizandra Cardoso, apresentou o aplicativo Turismo Virtual em Pelotas, que mistura os casarões do Centro Histórico, com a realidade aumentada, por meio de modelos 3D dos prédios – feitos em parcerias com as Universidades Federal e Católica de Pelotas —, acessados através do livro da plataforma e de oito cartões-postais, lançados durante a Fenadoce.
Turismo Virtual mistura patrimônio e tecnologia na Fenadoce
O Turismo Virtual é uma das estratégias para estimular o pertencimento dos pelotenses a sua cidade e fomentar a preservação e valorização patrimonial. A nova versão do aplicativo, apresentada neste ano, ainda conta com vídeos 360º das belezas naturais de Pelotas: os distritos da zona rural e a Praia do Laranjal.
“O turismo pode aliar patrimônio e inovação, e desburocratizar a cultura, dando mais acesso às pessoas. Nossa ideia é ampliar ainda mais, para além dos 10 prédios que temos em 3D, a fim de que as pessoas conheçam o que Pelotas tem e nos visitem”, enfatizou Lizandra.
Em 15 de maio de 2018, Pelotas foi agraciada pelo Iphan com dois reconhecimentos. O primeiro foi a certificação do modo de fazer os doces tradicionais de Pelotas e da Antiga Pelotas (Arroio do Padre, Capão do Leão, Morro Redondo e Turuçu), como patrimônio imaterial brasileiro, e o segundo se refere ao Conjunto Histórico Arquitetônico, com mais de 80 bens e único no país, como patrimônio material.
Tradição doceira torna-se patrimônio imaterial do Brasil
Patrimônio Nacional: arquitetura pelotense é reconhecida pelo Iphan
Um ano depois, o município e a região buscam formas de proteger essa história e atrair turistas, impactando positivamente a economia local. Com esse intuito, o técnico do Instituto, Luiz Antônio Bulcato Custódio, abordou os aspectos mais importantes para a consolidação do setor. Entre eles, estão a autenticidade e a qualidade daquilo que é único e original de Pelotas; a proteção dos recursos culturais, e também dos naturais, do município; e a integração da comunidade ao turismo, agregando recursos financeiros e humanos.
Já a professora da Unisinos, Cristina Schneider, abordou as políticas públicas necessárias para transformar esse potencial em negócio, sem perder a essência pelotense. Ela enfatizou o momento ímpar vivido na cidade, com o reconhecimento, mas pontuou que é preciso salvaguardar a memória do povo, uma vez que, além de edificações e monumentos, as práticas sociais são patrimônios importantes.
Por fim, o secretário de Turismo e Lazer de Laguna, Evandro Carneiro Flora, trouxe o exemplo da cidade catarinense. Assim como a famosa Ouro Preto (MG), o município se firmou como ponto turístico, recebendo visitantes do Brasil e de outros países, graças também a infraestrutura pública e investimentos privados.
Os secretários de Cultura, Giorgio Ronna, e de Desenvolvimento Turismo e Inovação, Gilmar Bazanella, também integraram o painel. O evento ainda foi prestigiado pelos reitores da UFPel, Pedro Curi Hallal, e da UCPel, José Carlos Pereira Bachettini Júnior.