Cidade é a quinta em número de startups no Estado e o Parque Tecnológico vem contribuindo para o desenvolvimento das empresas
03-07-2019 | 14:39:43
Há muitas pessoas que veem São Paulo e Porto Alegre como os únicos polos tecnológicos do Brasil, mas existem outras cidades do país trabalhando para desenvolver o setor, com bons resultados. É o caso de Pelotas, que começa a ganhar fama como o ‘Candy Valley’ brasileiro, em referência ao Vale do Silício, nos Estados Unidos, e ao fato da cidade ser conhecida nacionalmente como uma grande produtora de doces.
O estudo GaúchoTech Mining Report mapeou as 422 startups do Rio Grande do Sul, abarcando seus serviços inovadores e potencial de crescimento. Pelotas aparece em 5º lugar entre as cidades do Estado em número de empresas, atrás apenas de Porto Alegre, São Leopoldo, Caxias do Sul e Santa Maria.
Conforme a pesquisa, 3,9% das startups gaúchas integram tem a capital nacional do doce como base. Entre os fatores que contribuem para o destaque está a parceria com instituições de ensino, como a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-riograndense (IFSul) e a Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Além disso, um espaço propício ao desenvolvimento de ideias e a possibilidade da troca de informações facilitadas também são aspectos positivos ao desenvolvimento das iniciativas.
Mão de obra capacitada e a vontade de empreender misturam-se para dar origem a uma rede voltada à produção de novas tecnologias e serviços inovadores, focados em facilitar a vida dos usuários e clientes. Um exemplo é a empresa Fácil Consulta. Gerida por três jovens visionários, a missão deles era facilitar a marcação de consultas médicas, conectando os profissionais médicos aos pacientes. Desafio dado, eles partiram para o desenvolvimento de um site e, mais tarde, um aplicativo: o Fácil Consulta, responsável por revolucionar o serviço na região.
Desde agosto de 2018, a organização e seus oito colaboradores ocupam uma das salas do Pelotas Parque Tecnológico, espaço desenvolvido pela Prefeitura, em parceria com outras entidades, e que respira tecnologia e inovação na cidade. “Percebemos essa necessidade na região. Não havia serviços organizados que facilitassem a marcação de consultas. Era um problema que nós mesmos enfrentávamos e fomos em busca de uma solução”, conta Ramiro Martins, um dos sócios-fundadores da empresa.
Na mesma linha de trabalho da Fácil Consulta, mas em um nicho diferente de atuação, está a Indeorum. A empresa oferece uma série de produtos voltados a extração, qualificação e análise de informações; data science; e inteligência artificial, além de realizar projetos de softwares, tudo voltado ao meio acadêmico. “Através de um dos nossos sistemas de extração, o Ranquium, por exemplo, o processo é automatizado e fica muito mais ágil. Um dos nossos clientes economizou mais de 2.240 horas de trabalho através da ferramenta”, afirma o diretor de Marketing e Comunicação da Indoreorum, Glauco Munsberg.
No caso da Aggrandize, empresa que disponibiliza produtos e serviços para garantir a estabilidade e melhoria de ambientes Oracle - sistema gerenciador de banco de dados em nuvem -, a entrada em um ambiente como o Parque ajudou na conquista de mercados em toda a América Latina. “Conseguimos ampliar nossa atuação, estabelecendo uma base de trabalho em um espaço reconhecido como um polo tecnológico”, conta Eisler Voigt, diretor comercial da organização. A partir disso, a Aggrandize foi ganhando mercado e hoje é uma das parceiras da Oracle, prestando serviços a clientes de toda a América Latina.
O centro de tudo é o Pelotas Parque Tecnológico, estrutura criada em 2017 pela Prefeitura da cidade, que reúne 52 startups, empresas e instituições ligadas ao setor tecnológico. Segundo a diretora executiva do espaço, Rosâni Ribeiro, 2018 ajudou a estabelecer as bases construídas em 2017, e 2019 representa a consolidação do local como uma referência em inovação. “Já somos reconhecidos como um ambiente que acolhe o diferente, fomenta ações empreendedoras e abraça iniciativas de inovação e tecnologia”.
O objetivo agora é conquistar mais autonomia, garantindo que o Parque cresça por conta própria e seja reconhecido no restante do Brasil, como um ecossistema fértil para novidades. Para isso, a intenção é fomentar o empreendedorismo, fortalecer as startups e envolver mais empresas de inovação, além de integrar as instituições de ensino e pesquisa, e atrair a comunidade para que façam negócios no Parque e aproveitem a infraestrutura do espaço, toda voltada à inovação, à integração e à cooperação.
Um dos espaços de destaque dentro do Pelotas Parque Tecnológico é o coworking. Gerido pela Coplace, empresa parceira do Parque, o local oferece toda a estrutura necessária para essa modalidade de trabalho, que garante economia e maior integração entre as empresas. Hoje, sete atuam no formato de coworking, levando adiante o lema do ambiente: colaborar, cocriar e conectar. “É uma boa forma de fazer networking e dividir experiências. Vale muito a pena”, garante a coordenadora da área, Fernanda Nolasco, que também utiliza o espaço para sua empresa particular, voltada a consultoria.
Tudo começou em 2017, após a finalização das obras no Parque, financiadas pela Prefeitura. Desde então, o local é administrado por um conselho formado por membros do Executivo, de universidades e empresas, todos focados em fortalecer parcerias, tanto com o mercado de inovação de empresas residentes no prédio, quanto com empresas não residentes, que serão convidadas a integrar o ecossistema em que o Pelotas Parque está inserido. Só em 2018, 270 eventos envolvendo instituições de ensino, empresas, entidades de classe, aceleradoras de empresas e coworking tiveram como palco as dependências da instituição. Destaque também para a adesão do Pelotas Parque ao quadro social da Rede Gaúcha de Ambientes de Inovação (Reginp).