Ação das forças de segurança, aliadas pelo Pacto pela Paz, gerou declínio do indicador. Pela primeira vez, o semestre fecha com menos de mil roubos
23-12-2019 | 11:04:11
Novembro deste ano trouxe o menor número de roubo a pedestre registrado em Pelotas, há quatro anos: 144 – 45% a menos do notificado no mesmo mês de 2015. O trabalho integrado e de inteligência das forças de segurança, aliado ao compartilhamento de informações e à soma de esforços dos efetivos – articulados pelo Pacto Pelotas pela Paz –, repercutiram no declínio do índice criminal, um dos que mais influencia na rotina dos pelotenses que transitam pela cidade.
Pela primeira vez, desde então, o semestre deve fechar com menos de mil roubos registrados no município. De julho a novembro, foram 826, enquanto o segundo semestre de 2015, por exemplo, indicou 1.398. A premissa da atuação em conjunto, alicerce principal das Operações Integradas, também tem conexão direta com a redução dos assaltos, uma vez que interligam efetivos de policiamento e fiscalização em patrulhamentos por todas as regiões.
“Esta diminuição é fruto de um trabalho coletivo e muito focado, feito a partir de dados científicos, inteligência, troca de informações e compartilhamento das responsabilidades. É um número impactante porque significa que pessoas foram preservadas da violência e é para isso que a gente trabalha”, declarou a prefeita Paula Mascarenhas.
Em 2019, a marca de 400 operações – promovidas por guardas municipais, agentes de trânsito, policiais militares, entre outros – foi atingida em Pelotas e, atualmente, cerca de cinco são realizadas por semana – uma forma eficiente encontrada pelo Pacto pela Paz para coibir a ação dos criminosos e atuar com mais agilidade nos episódios identificados.
“Isso contribuiu de maneira decisiva para o combate ao crime, uma vez que a organização de todos os efetivos envolvidos permite que otimizemos os recursos e a distribuição de viaturas pela cidade, levando mais segurança à comunidade”, frisou o comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Marcio Facin.
A trajetória de queda nos índices se mantém desde abril deste ano, quando a quantidade saiu da casa dos duzentos roubos por mês. O declínio é ainda mais significativo quando comparada aos indicadores de 2017 – ano em que chegou a registrar mais de 300 roubos por mês. A soma dos roubos registrados em 2015 e em 2019 também demonstra a redução expressiva: 2.443 notificações contra 2003, neste ano (considerando dados de janeiro a novembro).
O diagnóstico da criminalidade feito pelo Observatório de Segurança do Município – criado pelo Pacto em 2017 – é outro aspecto que contribui significativamente para a queda deste tipo de crime, uma vez que ele dá subsídios necessários para fundamentar as intervenções da polícia. Os panoramas diário, mensal e anual auxiliam nas estratégias das forças de segurança, considerando a análise minuciosa das regiões, dias e horários com maior incidência de roubos.
O comandante do 4º BPM destacou que esta base de dados tem sido fundamental para determinar as próximas ações da segurança. “O roubo a pedestre teve nossa atenção desde a primeira reunião. De lá pra cá, viemos afunilando e aperfeiçoando as medidas a fim de combatê-lo”, enfatizou Facin, que classifica como essencial o exame dos dias e horários que concentram o maior número de registros, tipo de objetos roubados, modus operandi dos criminosos e destino dos produtos do crime.
Este é um dos motivos atribuídos pelo juiz da Vara de Execução Criminal (VEC) Regional, Marcelo Malizia Cabral, para sustentar a diminuição dos roubos. Associado a isso, o diretor do Foro da Comarca de Pelotas a relaciona à melhora na fiscalização dos apenados e ao investimento na sua profissionalização. O magistrado explica que foi qualificado o monitoramento dos presos nos regimes semiaberto e aberto, de modo que aqueles que não utilizam a condição para seu destino definido – no caso, o trabalho –, são detectados com mais agilidade.
“Também aumentamos o número de tornozeleiras eletrônicas, o que nos dá um controle absoluto sobre o apenado. Além disso, reduzimos a possibilidade de deslocamento destes presos, fazendo com que eles permanecerem em casa, salvo prévia demonstração de necessidade”, pontuou.
O rigor também aumentou na concessão de benefícios, indicou o juiz da VEC, em relação ao deferimento de regime semiaberto, saídas temporárias e livramento condicional, por exemplo. Cabral acrescenta que o fator determinante é o envolvimento com organizações criminosas.
Oportunidades de trabalho, como a fábrica de artigos de concreto no Presídio e o projeto Mão de Obra Prisional – ambos do Pacto – também são ferramentas, segundo ele, que colaboram para a linha decrescente da criminalidade em Pelotas.
O delegado regional da Polícia Civil, Márcio Steffens, credita o resultado à adesão de uma visão diferente sobre como fazer repressão ao crime. “Sem dúvida, a implementação do Pacto foi determinante. A partir dele, passamos a fazer a troca de informações entre as inteligências no sentido de identificar os principais autores de roubo a pedestre e viabilizar, junto ao Judiciário, as representações pela prisão destas pessoas – principalmente aquelas que, reiteradamente, cometem o crime”, enfatizou.
Conforme Steffens, o decréscimo histórico também é resultado da presença efetiva da segurança nas operações integradas, atuando quase que diariamente na prevenção da prática dos crimes, especialmente, do roubo a pedestre.
“A integração é a palavra que melhor define o Pacto pela Paz. O resultado é oriundo desta soma de esforços, o que faz com que a comunidade pelotense possa se sentir mais segura para se deslocar. Isso nos motiva e dá energia para acelerar, ainda mais, o trabalho de combate ao crime em Pelotas”, salienta o comandante do 4º BPM, Marcio Facin.