Projeto de requalificação contempla visual, drenagem, esgoto, acessibilidade, paisagismo, áreas de estar, iluminação e outros itens
Por Tânia Magalhães 30-09-2019 | 06:12:14
O Calçadão Central de Pelotas está remodelado. A antiga estrutura, inaugurada em maio de 1981, passou por intervenções de requalificação e, hoje, dá uma cara nova ao Centro da cidade. As mudanças, além da rua Andrade Neves entre Voluntários da Pátria e Lobo da Costa, contemplam transversais. Na rua 7 de Setembro, a transformação acompanhou o mesmo padrão da Andrade Neves. Toda a área revitalizada recebeu estrutura subterrânea para fiação das redes de telefonia, lógica e TV a cabo, com a finalidade de reduzir a poluição visual do espaço, drenagem, esgoto, piso, acessibilidade, paisagismo, bancos, lixeiras, jardinagem, iluminação ornamental em LED e sinalização.
Nesta segunda-feira (30), às 19h, a prefeita Paula Mascarenhas fará a caminhada simbólica de entrega à população da área central requalificada. O ato marcará a conclusão de uma obra de grande porte do seu Governo, cujo investimento ultrapassa a casa dos R$ 3,9 milhões.
O Calçadão foi inaugurado em 1981, no governo do prefeito Irajá Andara Rodrigues.Para lembrar, desde 2005, na gestão do ex-prefeito Bernardo de Souza, a requalificação do Calçadão era assunto mantido na pauta da esfera administrativa. Àquela época, o governo cogitara financiamento junto ao Banco Mundial.As atenções com o tema continuaram durante o Governo de Adolfo Fetter Júnior. Havia previsão para o financiamento do projeto pelo Banco Mundial. Mas, devido à alteração do valor do dólar à época, não se viabilizou a requalificação do Calçadão.
A partir de 2013, no mandato do atual governador Eduardo Leite como prefeito de Pelotas, o Calçadão voltou à baila. Para concretizar a reforma pretendida, os recursos seriam do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) Mobilidade, do Governo Federal.
Com dois meses de Governo, a prefeita Paula Mascarenhas, no dia 6 de março de 2017, assinou o contrato e a ordem de serviços para requalificação do Calçadão Central, com a empresa ACR Construtora de Obras Ltda, do Paraná. À Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) coube a gerência e a fiscalização da execução do projeto. A assinatura teve a força de tirar do papel a reforma e a modernização do centro comercial.
As obras iniciaram-se ainda em março de 2017, entre as ruas Voluntários da Pátria e General Neto, avançando, a seguir, para a quadra entre Neto e 7 de Setembro. Em dezembro daquele ano, a construtora entrou em recesso e não retornou ao trabalho. A Prefeitura rescindiu o contrato com a empresa, devido ao descumprimento de diversos itens que constavam no documento.
A Construtora Pelotense ficou em segundo lugar na concorrência pela requalificação do Calçadão. Desta forma, diante do interesse da empresa em assumir a sequência do projeto, não houve necessidade do Município abrir novo processo licitatório.Em março de 2018, a prefeita assinou o contrato com a Pelotense, no valor de R$ 2,9 milhões, correspondente ao saldo do projeto original, considerando que o restante já havia sido pago à empresa anterior.
Naquele mesmo mês, a construtora montou seu canteiro de obras, na rua 7 de Setembro, entre Andrade Neves e General Osório. No mês seguinte, abril, iniciou-se a segunda fase da revitalização, envolvendo a rua Andrade Neves, entre a 7 de Setembro e a Lobo da Costa, a própria 7 de Setembro e a Marechal Floriano, que também recebeu alargamento e padronização de calçada, grelhas floreiras, bancos e lixeiras, acompanhando o padrão central.
O Calçadão recebeu novo piso, padronizado. As lajotas – placas de concreto – foram utilizadas na pavimentação nas cores cinza chumbo, cinza claro e vermelho. As vermelhas demarcam o caminho por onde podem passar viaturas de serviços, como polícia, bombeiros e Samu.
A acessibilidade não foi deixada de lado. Em todas as quadras, há piso tátil.Uma das novidades da requalificação da área central é a pista para trânsito lento, aberta na Andrade Neves, entre as ruas Marechal Floriano e Lobo da Costa. Pavimentada com pedras regulares, o leito de três metros de largura permite a passagem de veículos dentro do conceito “traffic calming”. O sistema é adotado no mundo inteiro, principalmente em cidades desenvolvidas.
A pista para trânsito lento é separada do espaço para pedestres por meio de balizadores metálicos. Os meios-fios são nivelados ao piso padrão do Calçadão.Outro meio adotado para organizar a circulação foi o da sinalização vertical e horizontal. Placas de advertência e obrigatoriedade indicam o que é ou não é permitido e a pintura na pavimentação das vias de entroncamento chamam a atenção para a preferência da passagem de pedestres, que ainda é regulada por semáforos com temporizadores.
O projeto foi executado com os cuidados necessários para preservar os interesses dos lojistas e dos consumidores, na medida do possível. A obra de revitalização da área central passou por outonos, invernos, primaveras e verões e, muitas vezes, por força das intempéries, teve que enfrentar pausas obrigatórias.
Os trabalhos pesados, principalmente os que envolveram a utilização de máquinas para remoção do piso antigo, escavações de valas para as redes subterrâneas e concretagem do contrapiso foram empreendidos sob proteção de tapumes. O acesso às lojas e as áreas para circulação de pedestres foram preservados com prioridade e, por vezes, até mesmo o horário da jornada das equipes sofreu mudanças para minimizar os impactos na rotina do centro comercial.
A revitalização do Calçadão impactou 160 estabelecimentos comerciais, de acordo com dados apurados pela Secretaria de Desenvolvimento, Turismo e Inovação (Sdeti). Pela área central, circulam diariamente entre 20 e 25 mil pessoas, às quais a modernização do espaço assegura maior tempo de permanência no local. O público estica o horário até o fechamento das lojas, graças ao novo sistema de iluminação em LED e à sensação de segurança – uma das prioridades do Pacto Pelotas Pela Paz. Dados também indicam que pessoas que não frequentavam mais a área voltaram a fazê-lo, por conta das mudanças implantadas.
Para ampliar os benefícios da reforma e padronizar o Centro da cidade, a prefeita Paula Mascarenhas, em caminhada de vistoria, em março deste ano, autorizou projeto de iluminação ornamental em LED do Calçadão da 15 de Novembro, entre 7 de Setembro e praça Coronel Pedro Osório.
À Secretaria de Gestão da Cidade e Mobilidade Urbana (SGCMU), coube a implementação de regras de padronização do comércio no espaço público. A organização visa favorecer o princípio defendido pela gestão, de fazer de Pelotas uma “Cidade para as Pessoas”. A ideia é que a área central, além de ser aproveitada para convivência, lazer e comércio formalmente estabelecido, ofereça opções que supram as expectativas da população. Dois editais de Convocação Pública foram lançados para ocupação de 16 pontos para venda de pipoca, churros ou crepes em equipamentos móveis padronizados.
O primeiro edital foi direcionado à modalidade ambulante que já ocupava lugares com a atividade de venda de alimentos. O segundo abriu oportunidade de participação à população em geral. Com as regras, o comerciante do alimento não permanece no local predeterminado. À noite, os equipamentos móveis se retiram.
Na modalidade comercial de pontos fixos, está em andamento o processo de licitação para sete pontos na área central – cinco revistarias e duas floriculturas. As bancas se localizarão nas ruas Andrade Neves, 15 de Novembro e 7 de Setembro. No início de outubro, a Comissão Especial de Licitações divulgará as propostas vencedoras da Concorrência Pública, para ocupação dos espaços padronizados.
O Calçadão de cara nova também não deixou de lado uma das mais fortes identidades de Pelotas – a tradição doceira. A futura “Rua do Doce” tem espaço reservado na rua 7 de Setembro, entre Andrade Neves e General Osório, e ocupará a parte calçada com paralelepípedos, nas proximidades do chafariz as Três Meninas.
A Secretaria de Desenvolvimento, Turismo e Inovação está à frente do projeto. O local contará com dez espaços de madeira e vidros, seguindo o padrão do mobiliário (bancos) do Calçadão. Dos dez espaços, sete serão destinados a doceiras, dois serão banheiros e um servirá para área de estar e convivência.