
Exemplos colombianos indicam como é possível controlar a violência
Durante a abertura do segundo dia do Connex Pelotas, o público pode conhecer as estratégias encontradas pelas cidades colombianas de Palmira e Medellín para o enfrentamento das violências e redução dos índices de homicídios.
Escobar e Rocha apresentaram as experiências de cidades colombianas que conseguiram vencer a violência e construir novas realidades (Fotos: Michel Corvello)
Coube ao antropólogo e ex-prefeito Óscar Escobar apresentar o case de Palmira, que no início do século XXI chegou a ter uma média de cem homicídios para cada cem mil habitantes e, hoje, conseguiu reduzir esse índice para 30 homicídios por cada cem mil pessoas.
A virada de chave da cidade está diretamente relacionada com o programa Pazos, que tem como principal ação a oferta de um amplo projeto de capacitação profissional para jovens. “Isso fez com que o microtráfico deixasse de ser a única opção de renda para esses jovens, aumentou o tempo de ocupação deles e possibilitou a consolidação de outras estratégias, que tiveram impacto direto na redução do número de homicídios”, disse.
Ferramentas como esporte, cultura, apoio psicossocial e investimentos em urbanização completam e integram o programa à política de segurança municipal.
Medellín: a capital do narcotráfico que se transformou no segundo destino turístico mais procurado do continente
Conhecida internacionalmente por sediar um dos mais famosos e violentos cartéis de narcotraficantes latino-americanos, a cidade de Medellín, no norte da Colômbia, chegou a ter uma média de 382 homicídios por cada grupo de cem mil habitantes em 1991 e, hoje, ostenta uma taxa de 15 homicídios por cada cem mil habitantes.
Quem explicou como a cidade deixou o passado de violência para trás e se transformou em um centro de inovação tecnológica e cultural foi o antropólogo Santiago Uribe Rocha, coordenador do projeto Cidades Resilientes, responsável por modificar a realidade local. Mais uma vez os jovens aparecem no centro das ações e, conforme Rocha, foram diretamente responsáveis por colocar a transformação em andamento.
“Foram os jovens de Medellín que conseguiram que fosse determinado estado de emergência na cidade por causa da violência. A partir disso as coisas começaram a acontecer, por isso os jovens precisam ser envolvidos”, conta.
A partir daí, de acordo com Rocha, foi estabelecida uma cultura de participação cidadã, que definiu os rumos para o futuro da cidade e que ainda hoje está ativa e tem nas reuniões mensais do Conselho Nacional para a Paz uma de suas manifestações mais efetivas. Há 21 anos, cada reunião costuma atrair aproximadamente 500 pessoas de órgãos governamentais, instituições de ensino,terceiro setor e sociedade civil. “O princípio que temos é simples: não precisamos concordar sobre o passado da cidade, mas sim estar de acordo com o futuro que queremos e assim conseguimos construir uma visão coletiva que transforma Medellín”, diz.
Essa visão foi responsável pela implantação de programas revolucionários como parques tecnológicos, centros culturais, escolas populares de arte e esportes, áreas de lazer e, claro, a revitalização de territórios urbanos até então conflagrados pela violência e esquecidos pelos governos.
O resultado foi tão positivo que, atualmente, Medellín se firmou como o segundo destino turístico mais procurado da América do Sul, atrás apenas do Rio de Janeiro. “Em breve seremos o primeiro”, aposta Rocha, indicando que os problemas de segurança pública, que um dia afetaram Medellín, já representam um grande dano à Cidade Maravilhosa.
“Uma cidade violenta não é uma cidade boa para promover a economia, e se a economia não funciona temos um ciclo complexo”, diz.
Quem faz o Connex
O Connex/Reflexões sobre o futuro das cidades é uma realização da Prefeitura de Pelotas e da Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos e conta com o patrocínio do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, do Detran/RS e dos bancos Banrisul, BRDE e Itaú. O evento tem o apoio da Embaixada da Colômbia no Brasil, da Universidade Senac Pelotas, Sebrae, da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), da Fundação Van Leer, da Peace in Our Cities, da Coalizão Brasileira Pelo Fim da Violência e da Vetorial Internet.
Quem apoia o Connex
O Connex/Reflexões sobre o futuro das cidades conta com o patrocínio do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, do Detran/RS e dos bancos Banrisul, BRDE e Itaú. O evento tem o apoio da Embaixada da Colômbia no Brasil, da Universidade Senac Pelotas, Sebrae, da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), da Fundação Van Leer, da Peace in Our Cities, da Coalizão Brasileira Pelo Fim da Violência e da Vetorial Internet.