Fotos: Gustavo Vara

Pelotas alcançou em 2022 a menor taxa de Crimes Violentos Letais Intencionais (CLVIs) da série histórica, que começou a ser registrada em 2017 pelo Observatório de Segurança Pública do Município, estrutura criada pelo Pacto Pelotas pela Paz. O índice ficou em 7,09 registros por 100 mil habitantes, enquanto que em 2021 a proporção foi de 9 por 100 mil. Em relação a 2017, a taxa era de 34,4, o que significa uma queda de 80%. 

Os números foram detalhados e apresentados pela prefeita Paula Mascarenhas, nesta quarta-feira (1º), para a imprensa e representantes das instituições que integram o Gabinete de Gestão Integrada Municipal. Segundo a gestora, os resultados são fruto de uma grande mobilização integrada na cidade, pelo combate à violência. 

"As curvas continuam decrescentes e isso mostra o quanto esse trabalho vem surtindo efeito e o que isso significa: uma cidade mais tranquila, que vive mais em paz, com menos violência. Isso faz parte da qualidade de vida que a gente quer entregar para a população e a criação de um território que as coisas possam acontecer melhor, porque a violência impede que a cidade avance e se desenvolva. Sem violência temos mais oportunidades, mais possibilidades de desenvolvimento, de atrair investimentos externos e turistas.", avaliou a chefe do Executivo pelotense.

Conforme o levantamento do Observatório de Segurança Pública, a cidade terminou 2017 com 120 crimes contra a vida. Em 2021, esse número caiu para 31 casos e, no ano passado, diminuiu para 23 ocorrências, uma redução de 26% de um ano para o outro. Dentro dos registros classificados como CLVIs, o Município contabilizou 18 homicídios em 2022. O restante foi relacionado como latrocínio (1), feminicídio (1), lesão corporal seguida de morte (1), intervenção policial (1) e outro (1). 

Pelotas em relação ao Estado

Dentro do levantamento feito pelo programa RS Seguro, do governo do Estado, o ranking das cidades com a maior redução do número de homicídios, entre 2019 e 2022, traz Pelotas na segunda posição, com uma redução de 68,42%: de 57 homicídios em 2019 para 18 em 2022. Esse ranking envolve 23 municípios de grande e médio porte. Pelotas fica atrás apenas de Guaíba.

Cidade registra queda em outros indicadores

Em relação aos crimes contra o patrimônio, o aspecto positivo fica por conta das reduções, no último ano com relação a 2021, dos roubos a comércio com diminuição de 2%, de roubo à residência com queda de 3% e de roubo a veículos de 26%. Entretanto, o furto de veículos e de residência apresentaram altas de 15% e 94%, respectivamente, em comparação com 2021. Esses crimes, no entanto, mantiveram queda significativa na comparação aos anos anteriores à pandemia, principalmente, ao início da contagem em 2017, com redução de 59% e 37% respectivamente. Naquele ano foram registrados 547 furtos a veículos e 621 furtos à residência.    

Para o coordenador do Observatório, Samuel Rivero, é fundamental fazer a contextualização dos dados, no que tange a crimes patrimoniais, para se compreender melhor a oscilação dos números. "Nos anos de 20 e 21, em função da pandemia, houve uma queda acentuada nos furtos à residência, justamente porque as pessoas estavam mais tempo presentes em casa, o mesmo ocorreu com o roubo a pedestres, pois menos pessoas estavam circulando. Com a retomada da normalidade, não estar em casa favorece as ações criminosas de furto. Mas quando comparamos com o período anterior ao da pandemia seguimos com significativas quedas, e, nessa perspectiva mais ampla, é notório que os crimes violentos patrimoniais como roubos diminuíram, consideravelmente, nos últimos anos", analisa Rivero.  

O comandante regional de Policiamento Ostensivo, coronel Cláudio Goggia, destacou as ações integradas e a participação da Prefeitura como fundamentais para a redução dos índices de violência. “Isso é fruto de toda a integração que está muito forte nesses quatro anos, entre todas as forças de segurança e Pelotas é um exemplo, pois quando a integração entre as forças também envolve o Poder Público se torna muito mais fácil o trabalho dos agentes de segurança”, afirmou.

Metodologia empregada

O relatório considera sempre três cenários: comparação com 2017 (início do controle por meio do Pacto Pelotas pela Paz), 2019 (início do programa RS Seguro), e com o ano anterior. O compilado é composto por tabelas com e evolução dos números por ano, por meses, além de gráficos e mapas com identificação das áreas de maior ocorrência. O índice usado para medir a segurança pública é o mesmo utilizado em todo país que considera a taxa de crimes por 100 mil habitantes.

O levantamento está dividido em dois indicadores: Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) englobam homicídio doloso, latrocínio, feminicídio, encontro de cadáver com sinais de violência, morte decorrente de intervenção policial e lesão corporal seguida de morte. O outro é o Crime Patrimonial que analisa os roubos a comércio, pedestres, transporte público, além de roubos e furtos de residências e de veículos.

Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI)

2017 – 120 

2018 – 90 

2019 – 74

2021 – 31 

2022 – 23 

-81% entre 2017 e 2022 

-26% entre 2021 e 2022

Fonte: Observatório de Segurança Pública da Prefeitura de Pelotas

Taxa de CLVI/100mil

2017 34,8

2018 26,3

2019 21,6

2020 10,5

2021 9

2022 7,1

– 80% entre 2017 e 2022

21% entre 2021 e 2022

Fonte: Observatório de Segurança Pública da Prefeitura de Pelotas

Crimes contra o Patrimônio

Roubo a comércio

2017 – 331 

2019 – 183 

2021 – 128 

2022 – 125 

– 62% entre 2017 e 2022

- 2% entre 2021 e 2022

Fonte: Observatório de Segurança Pública da Prefeitura de Pelotas

Roubo a veículo 

2017 – 271 

2019 – 109 

2021 – 68 

2022 – 50 

– 82% entre 2017 e 2022

- 26% entre 2021 e 2022

Fonte: Observatório de Segurança Pública da Prefeitura de Pelotas

Roubo a pedestre 

2017 – 3.261 

2019 – 2.137 

2021 – 964

2022 – 1.028 

– 68% entre 2017 e 2022

- 7% entre 2021 e 2022

Fonte: Observatório de Segurança Pública da Prefeitura de Pelotas

Furto a Residência

2017 – 621 

2019 – 570 

2021 – 202 

2022 – 392 

– 37% entre 2017 e 2022

94 % entre 2021 e 2022

Fonte: Observatório de Segurança Pública da Prefeitura de Pelotas