Ao todo, 26 medalhas de ouro, prata e bronze foram conquistadas por alunos do Município. As Emefs da colônia, Bruno Chaves e Nestor Elizeu Crochemore, também figuram na seleta lista de vencedores do Brasil
18-10-2019 | 18:11:34
Planetas, constelações, galáxias, foguetes… Se antes o significado destes termos parecia distante à realidade dos alunos do Dunas e eram fruto do encantamento dos jovens apenas quando vistos pela televisão ou na internet, agora, a história mudou. Com o projeto ‘Astronomia, Astronáutica e Lançamento de Foguete’, viabilizado pela Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Núcleo Habitacional Dunas, cerca de 45 estudantes têm na sua rotina os conhecimentos mais vastos relacionados à imensidão do espaço sideral. Mais do que aprender, eles provam que a iniciativa tem resultados e representa um caminho para a realização de sonhos e transformação de vidas.
Neste ano, 21 medalhas de ouro, prata e bronze foram conquistadas pelo grupo na 22ª Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) e na 13ª Mostra Brasileira de Foguetes (MobFog) – seis na primeira competição e 15 na segunda, respectivamente. Mais de 800 mil estudantes brasileiros participaram da competição, organizada pela Agência Espacial Brasileira, em colaboração com a Sociedade Astronômica Brasileira. O município também tem motivo para se orgulhar de cinco alunos da zona rural, das Emefs Nestor Elizeu Crochemore (7º distrito) e Bruno Chaves (9º distrito), que obtiveram medalhas de prata e bronze no lançamento de foguetes.
Materiais simples, como garrafas pet, fita isolante e pedaços de pastas plásticas compõem os foguetes responsáveis por trazer as 15 medalhas na MobFog para o educandário do Dunas – 11 a mais do que no ano passado. A superação nos resultados e a crescente melhora no desempenho dos alunos do 3º ao 6º ano, que têm entre 7 e 12 anos, são atribuídas pela professora idealizadora do projeto, Aline Rodrigues, à perseverança e persistência dos pequenos. A distância de 155 metros foi atingida com o lançamento de um deles, contou a docente.
“Não trabalhamos somente aspectos relacionados à astronomia, mas também interpretação de texto, raciocínio lógico, oratória, astrofísica, literatura… Tudo que vai colaborar para o desempenho deles na prova e, claro, como pessoas também. Reforço bastante a importância do pensamento positivo, da filosofia do ‘eu quero, eu posso, eu consigo’. Esses alunos são a prova de que isso é verdade”, afirmou Aline, orgulhosa dos feitos.
Os 50 anos da primeira viagem do homem à Lua foi um dos temas mais abordados com a turma, neste ano – um dos temas que mais chama a atenção dos alunos. O conhecimento é reforçado graças a uma apostila elaborada pela professora, de acordo com cada idade, que compila exercícios e conceitos indispensáveis para as provas. “Ensino para eles que, por serem de um bairro mais pobre, não significa que não podem ser o que quiserem. As medalhas simbolizam a soma deste nosso esforço”, enfatizou.
Há quem ainda relacione o mundo da ciência e das descobertas somente aos homens, mas Evelyn Hoffmann, 11 anos, e Luana, 12, são a prova viva de que isso não é verdade. Mesmo com a pouca idade, as meninas foram atraídas pelo universo de conhecimento abrangido pela ciência e, hoje, são medalhistas das maiores competições a nível nacional na área da Astronomia. “Sempre me interessei por estrelas e galáxias, então quando soube deste projeto na escola fiquei muito feliz”, disse Evelyn, que integra a iniciativa há menos de um ano e já é ganhadora de duas medalhas.
A aluna, que sonha em ser médica, acredita que todo o aprendizado adquirido nas aulas será fundamental para que tenha um futuro de realizações. “Meu sonho é melhorar de vida e sei que isso vai acontecer se continuar estudando; é o que minha mãe sempre diz. Quero dar muito orgulho para a família”, enfatizou. Luana Prestes é outro exemplo do grupo que pensa em utilizar os saberes adquiridos para seguir no mundo da astronomia.
“Quero um dia trabalhar na NASA”, resumiu a jovem.
Ela, assim como Evelyn, adora contemplar as estrelas e estudar as constelações – a sua preferida é a de Orion. O bronze conquistado nesta edição da MobFog não é novidade para Luana: no ano passado, saiu da competição com a medalha dourada no peito. Questionada sobre as inspirações na profissão, a menina apontou Iuri Gagarin, astronauta soviético e primeiro homem a viajar pelo espaço, em abril de 1961.
Criada por Aline em 2004, a iniciativa já foi executada em outros estados, como Espírito Santo. O conteúdo programático prevê a observação das estrelas e fases da lua e conceitos da física, assim como a história da astronomia e astronáutica, a relação do homem com o espaço astronômico e espaço humanizado, conscientizando-se para a preservação do meio ambiente. Professora no Dunas desde 2012, Aline também ministra o projeto na escola estadual Coronel Pedro Osório.
Alunos do 9º ano entregaram ao grupo da escola municipal a base de lançamento para foguete CELMA – denominação originada pelas letras iniciais dos nomes dos cinco responsáveis pela elaboração do equipamento. De acordo com a docente, ele será fundamental para aprimorar o trabalho, o que resultará em distâncias maiores.
A doação de um telescópio novo, feita pela família Etges – que soube da iniciativa nos meios de comunicação e quis colaborar com o conhecimento do grupo – vai permitir que os pequenos possam estudar as constelações, de forma mais qualificada, a partir de novembro. “Ficamos muito felizes porque é um reconhecimento ao nosso trabalho”, concluiu Aline.