“Somos todos iguais”. A frase em um dos cartazes expostos na Sala Frederico Trebbi, no Paço Municipal, reflete o anseio por uma sociedade menos racista, preconceituosa e intolerante. Nesta terça-feira (13), foi aberta a Semana da Consciência Negra em Pelotas que, neste ano, traz o tema ‘130 anos de abolição?’ - sugerindo o debate acerca da existência do racismo apesar do fim da escravidão há mais de um século.  

Uma mostra de trabalhos escolares e feira das culturas afro e indígena marcaram a abertura oficial da Semana – responsável por uma programação repleta de atividades até dia 23 de novembro. Centenas de pinturas, desenhos e esculturas compõem painéis, que permanecem expostos até dia 21, e representam o trabalho de 23 escolas de educação infantil e de ensino fundamental do Município.

Exposição permanece no Paço até dia 21 de novembro. Fotos: Gustavo Mansur

A contribuição fundamental dos negros para a construção da nossa história foi enaltecida pela prefeita Paula Mascarenhas que, também, aproveitou a ocasião para divulgar a temática escolhida para guiar o Dia do Patrimônio em 2019; o evento será dedicado às etnias formadoras da cultura de Pelotas, dentre elas, a negra. A chefe do executivo municipal também frisou a alegria de ver crianças e jovens falando sobre o assunto em sala de aula.  

“Isso colabora para que surja um novo tempo de mais tolerância, democracia e fraternidade entre as pessoas. Precisamos vencer o preconceito, promover um ambiente de solidariedade e incentivar a cultura da paz”, destacou Paula.

A evolução do trabalho executado em Pelotas referente à valorização da cultura negra foi apontada pelo presidente do Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra, Fábio Gonçalves. “Precisamos, cada vez mais, compreender que é preciso ocuparmos os espaços de poder da sociedade. Reforço nossa profunda gratidão por esse momento e pelo esforço anual, que não se exaure apenas nesta semana”, disse. 

Secretário de Cultura, Giorgio Ronna salientou as duas recentes conquistas do Município, relacionados à pasta e, principalmente, à cultura negra: a seleção de Pelotas, em edital do Ministério da Cultura, para receber consultoria técnica referente à candidatura da cidade à ‘Rede Cidades Criativas', da Unesco; e o prêmio de R$ 100 mil para o projeto ‘Visibilidade do negro no discurso do Museu da Baronesa’, que será investido na requalificação do local.  

Pinturas, esculturas e desenhos foram realizados pelos alunos da rede municipal durante o ano. Fotos: Gustavo Mansur

“Neste final de semana, teremos a Virada Cultural, momento em que enalteceremos o fato de Pelotas ser a terra do Tambor de Sopapo – instrumento criado pelos negros nas charqueadas. A valorização e o protagonismo da cultura negra não se restringem apenas a esta semana; isso faz parte do nosso pensamento durante o ano inteiro através das nossas ações”, lembrou Ronna.  

Ao final da abertura, a prefeita entregou certificados para as escolas participantes da mostra de trabalhos. Também acompanharam o evento os secretários de Educação e Desporto, Artur Corrêa, de Assistência Social, Luiz Eduardo Longaray, e de Governo, Clotilde Victória. 

A vereadora Daiane Dias (PSB) prestigiou o ato e fortaleceu o discurso de resistir ao preconceito. “Somos a maior parte da população e, mesmo assim, ainda somos minorias em diversos espaços de poder e representação”, lamentou a vereadora. Confira aqui a programação completa da Semana.

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