A primeira unidade de acolhimento institucional a receber o projeto, em 2025, foi a Casa do Carinho

Formação para educadores sociais de abrigos começa em Pelotas

A primeira unidade de acolhimento institucional a receber o projeto, em 2025, foi a Casa do Carinho
Por Alessandra Meirelles – MTb/RS 10052 16-07-2025 | 09:06:16
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Educadores sociais que atuam nas unidades de acolhimento institucionais da Prefeitura de Pelotas começam a passar por um novo ciclo de formação continuada. O trabalho começou pela Casa do Carinho, nesta terça-feira (15), com uma roda de conversa, promovida por uma parceria entre a Secretaria de Assistência Social (SAS) e o curso de Serviço Social da Universidade Católica de Pelotas (UCPel).

A Casa do Carinho, atualmente, abriga 16 crianças e adolescentes, com idades entre três e 16 anos. Lá trabalham 23 pessoas – uma coordenadora, que é assistente social, uma cozinheira, duas pessoas que cuidam da limpeza do local, uma psicóloga, uma assistente social e 17 educadoras. Por funcionar 24 horas por dia, sete dias por semana, a equipe se reveza para que todos os dias e turnos estejam cobertos. A formação vai se estender durante o segundo semestre, com a participação de professores da UCPel.

O projeto de formação elaborado pela parceria, pretende qualificar o atendimento prestado aos educadores sociais, para que se tenha a melhor atuação possível, “competente e comprometida, norteada por princípios éticos”, para que se possa garantir os direitos de crianças, adolescentes e todas as pessoas em situação de acolhimento institucional.

A professora do curso de Serviço Social, Mara Medeiros, que coordena a formação, explica que o curso será ministrado em cada um dos abrigos, para facilitar a participação de cada grupo de servidores, sem prejudicar o atendimento às crianças. A primeira conversa foi sobre como resolver situações de crise ou conflitos, seja entre as crianças, seja com as educadoras. A coordenadora da unidade, Luana Farias, explica que as educadoras chegam sem formação, por isso essa parceria é importante, para que aprendam a se relacionar da maneira correta com as crianças, e que entendam que a punição não é a melhor saída para as situações de conflito, como brigas ou manhas, para que o abrigo seja, de fato, um local de proteção, e não de punição.

A professora foi acompanhada de duas profissionais da Universidade, a psicóloga do Núcleo de Apoio ao Estudante, Joice Batista, e a responsável pelo Atendimento Educacional Especializado, Ane Dias. Ane levou a experiência com as relações com pessoas com deficiência ou transtornos, como autismo ou TDAH, nas atividades diárias, e a identificar a causa das crises. Joice falou sobre a importância de se colocar ao lado da criança. O plano das formações já foi feito, mas os participantes também podem sugerir temas de acordo com as suas vivências, com suas dificuldades. O que for conversado nos encontros também pode ser utilizado no planejamento dos outros.

Após a roda de conversa, a educadora social, Rosimara Lopes, disse que a capacitação foi “maravilhosa”. Para ela, as capacitações acrescentam em qualidade de vida para as crianças, pois elas vão participar e procurar colocar em prática o que aprendem. Sobre esse encontro, ela destacou a proposta de compartilhar as dificuldades e aprendizados com cada criança, pois as crianças encontram afinidades com diferentes profissionais e, com as dicas, outras podem aprender como se aproximar. Ela usou como exemplo a relação com uma das meninas, com quem algumas educadoras sentem dificuldade de se aproximar, mas ela conseguiu estabelecer uma boa relação e, nos momentos de crise, ela usa o carinho para apaziguar a situação. “Eu barganho com ela cinco minutos de bico ou colo”, e sorri ao dizer que a menina é quase do tamanho dela. No entanto, Rosimara tem dificuldades com outro menino, e diz que não consegue se aproximar dele, então o compartilhamento com as colegas ajudará a todas.

Danielle Campelo participou da roda de conversa no segundo dia de trabalho. Ela conta que não estava preparada para o trabalho, então a formação a ajudou a se preparar para os próximos, pois no primeiro dia se deparou com uma situação de crise em que ela não soube como agir e preferiu deixar o protagonismo para as colegas, que já tinham mais experiência com casos como aquele. Danielle trabalhou com o Programa Primeira Infância Melhor (PIM) e diz que os encontros são momentos importantes nesse tipo de trabalho, pois mesmo que não exista uma resposta para o problema, poder compartilhar as situações, poder falar, ajuda.

Durante o desenvolvimento do curso serão abordados temas como rotinas de cuidado e importância do diálogo; formação de vínculos em serviços de acolhimento; a materialização do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) no dia a dia das instituições; a prevenção e intervenção em situações cotidianas; a comunicação não violenta e intervenção em situações conflitivas; e a construção de projetos individuais e coletivos para o processo de autonomia.

Mara diz que para que os serviços de acolhimento funcionem como devem, os espaços devem ser acolhedores, com estrutura física e material, e com equipes completas e qualificadas para desenvolverem as ações de proteção social previstas no Sistema Único de Assistência Social (Suas) e na legislação referente à proteção à criança e ao adolescente, como o ECA.

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