Método usado pelo Pacto pela Paz previne a violência nas escolas; este é o primeiro curso ministrado por instrutora pelotense
04-10-2019 | 10:10:55
Mais 25 profissionais da Educação estarão habilitados para realizar círculos de construção da paz, da Justiça Restaurativa (JR), nas escolas da rede municipal de ensino. A metodologia é a base da prevenção à violência implantada pelo Pacto Pelotas pela Paz, em 2017, e consiste na resolução de conflitos por meio do diálogo e da compreensão do próximo. O grupo de docentes se somará aos 51 servidores já capacitados e distribuídos em 37 educandários – de janeiro a agosto deste ano, 78 círculos foram realizados nas escolas municipais, beneficiando 1.293 alunos e professores.
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Esta será a primeira turma formada por uma instrutora pelotense – o curso ocorreu, nesta semana, no auditório da Secretaria de Educação e Desporto (Smed). Jussara Cruz, orientadora educacional e coordenadora da JR na Smed, ressalta a importância deste fato para a perenidade do método na rede pública.
“Pelotas avança no trabalho de prevenção à violência ao ampliar o número de profissionais instrumentalizados para realizar os círculos. Conhecendo a história do outro, nos vimos e nos reconhecemos. Isso reflete em maior empatia e respeito ao próximo, o que diminui a chance de conflitos e, consequentemente, episódios de intolerância e violência”, explica Jussara.
Mais 12 escolas passarão a contar com a ferramenta a partir da formação deste grupo, constituído por professores, coordenadores, orientadores e diretores, que terão 20 horas/aula, a partir desta terça-feira (8) até quinta (10). Nesta semana, a instrutora se reuniu com os participantes para introduzir conceitos da Justiça Restaurativa, que tem como norte oportunizar a construção coletiva de ambientes mais harmônicos e seguros, ao colocarem frente a frente quem compartilha a rotina nos educandários para fortalecer os vínculos, resolver conflitos e consolidar a paz nos espaços escolares.
“É mais sobre ouvir do que falar; e isso traz resultados. Evidenciamos na prática, quando os jovens expressam seus medos e se sentem valorizados ao serem escutados”, destaca Jussara. Ela assinala que a metodologia é inspirada nos povos indígenas, que sentam em círculos para trocar conhecimento e tomar decisões, onde todos têm oportunidade para se manifestar.
Lorena Pinho e Ellen de Borba inscreveram-se na capacitação, motivadas pelo resultado dos círculos nos educandários em que trabalham. As educadoras estão entusiasmadas a ampliá-lo. “Notamos diferença nas turmas com adolescentes, que gostaram da atividade e pediram por outras”, conta Lorena, vice-diretora da Emef Santa Irene, do Pestano. O reflexo positivo da Justiça Restaurativa no âmbito da educação também foi constatado pela professora Ellen, da Emef Francisco Caruccio, também do Pestano.
“Temos exemplo de melhora no relacionamento entre alunos e professora, e também casos onde o rendimento escolar aumentou”, acrescenta. A instrutora Jussara Cruz esclarece que a expectativa é ter cerca de cem servidores do Município habilitados em Justiça Restaurativa, envolvendo profissionais de outras áreas, com vistas a expandir o método em outros serviços públicos.