Círculos de construção da paz são realizados nos condomínios habitacionais do Município
15-07-2018 | 12:23:59
A melhora das relações afetivas está sendo construída no Loteamento Eldorado através do projeto Bons Vizinhos, que promove a convivência pacífica entre as famílias moradoras do local. No mês de julho, a iniciativa da Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária (SHRF) - desenvolvida com recursos concedidos pela Caixa Econômica Federal –, chegou ao segundo mês de atividades e apresenta resultados satisfatórios.
A ação nos condomínios habitacionais de faixa 1 do programa Minha Casa Minha Vida, que integra os Trabalhos Técnicos Sociais, está inclusa no eixo de Prevenção Social do Pacto Pelotas pela Paz, nas estratégias de Justiça Restaurativa. Os residenciais Parque Fragata, Jardins do Obelisco, Buenos Aires e Montevideo também recebem o Bons Vizinhos; no Haragano a atuação já foi concluída.
Para promover a conciliação entre os moradores dos residenciais atendidos pelo projeto Bons Vizinhos, técnicas de Justiça Restaurativa são utilizadas. Tanto o método quanto a iniciativa começaram a ser implantados em Pelotas pelo Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc), que desenvolve as atividades desde 2011.
No Eldorado são realizadas reuniões semanais – com a média de 20 pessoas por encontro – em busca da aproximação da vizinhança. A dupla de facilitadores de Justiça Restaurativa que atuam no condomínio, Francisco Paiva e Vilma de Brito, destacam que influências positivas foram percebidas desde o primeiro círculo de construção da paz, realizado em 16 de maio.
“Nós não temos a solução pronta. Viemos plantar uma semente para despertar a consciência dos moradores de que juntos podemos fazer a diferença”, destacou Paiva.
O enfrentamento dos problemas é proporcionado nos círculos e, a busca por melhores perspectivas para o futuro, oportunizada nas oficinas para geração de emprego e renda – os moradores do Eldorado participaram de cursos de salgados para festas e manicure, ministrados pelo Senac Pelotas, empresa contratada por intermédio da Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária, com os recursos da Caixa.
“Ao final dos oito meses de atuação no Loteamento Eldorado, a ideia é que os valores definidos pelo grupo no primeiro encontro tenham sido absorvidos pela comunidade. É o nosso desejo”, afirmou o facilitador.
Conforme a moradora Mariléia Pacheco, o principal motivo da dificuldade de relacionamento entre as pessoas está na falta de objetivos para o futuro, no tempo ocioso em decorrência do desemprego e no uso indiscriminado de drogas.
“O Eldorado existe há sete anos e essa foi a primeira vez que alguém propôs fazer algo pelo bairro. Conheci pessoas, nesses encontros promovidos pela Prefeitura, com quem nunca havia conversado”, exemplificou Mariléia.
No período de dois meses, os moradores também conseguiram iniciar a organização de uma associação de bairro com o objetivo de batalhar por melhorias no loteamento, além de criar um grupo jovem com a meta de promover eventos para a comunidade.
No início da implantação do Bons Vizinhos no Loteamento Eldorado os grupos eram pequenos, com cerca de 13 pessoas, o que foi uma dificuldade para os facilitadores do Cejusc. Mas o desafio foi vencido e, recentemente, alguns círculos chegaram a contar com até 30 participantes.
Em cada reunião são definidos objetivos para as atividades que serão desenvolvidas. Como o próprio nome demonstra, esses encontros são realizados em círculos e cada participante tem a oportunidade de falar abertamente sobre o que pensa e sente sobre o tema abordado. Para se manifestar, a pessoa precisa ter em mãos o Objeto da Palavra: um item, escolhido pelo grupo e relacionado com a discussão, que dá o direito de fala e passa por todas as pessoas da roda.
Após os primeiros círculos e resultados conquistados, mais moradores somaram-se para debater os problemas do residencial. As reuniões ocorrem às quartas-feiras, em um espaço montado pela equipe da Prefeitura na praça do Loteamento.