Programa ACT alcançou dezenas de pais, mães e avós, em escolas e centros de assistência social, para abordar o desenvolvimento infantil e incentivar processos educativos distantes da violência
25-11-2019 | 15:58:22
Cento e quinze. Esse é o número de famílias pelotenses que foram alcançadas pelo programa ACT – Criando Crianças em Ambientes Seguros, do Pacto Pelotas pela Paz, no último semestre. Mais do que beneficiadas com a metodologia, que orienta à educação distante de qualquer violência, as dezenas de pais, mães e avós integrantes dos grupos têm agora, à sua disposição, uma ferramenta capaz de transformar realidades e o futuro dos seus filhos, ao fortalecer os vínculos afetivos e criar ambientes mais saudáveis.
Esta é uma das apostas da Prefeitura para reduzir os índices de criminalidade no município, ao prevenir a violência dentro dos lares pelotenses e evitar que crianças e jovens cresçam em contextos inseguros.
No dia 3 de dezembro, terça-feira, o Município realiza a formatura destas famílias, com entrega de certificados e o lançamento de um livro de relatos, a fim de registrar e perpetuar a experiência do ACT em Pelotas – a primeira cidade do mundo a implantá-lo como política pública. Nesta segunda (25), a segunda turma deste ano – dividida em 12 escolas de Educação Infantil e duas unidades de assistência social – concluiu os seus encontros.
Das 115 famílias, 10 são do Pestano, que se encontraram semanalmente para refletir sobre a educação dos seus filhos, os métodos de punição e disciplina que vinham utilizando, as maneiras de reagir à desobediência das crianças e a forma como lidavam com a sua raiva. Tudo com o mesmo objetivo: passar a se relacionar com os pequenos com mais paciência, compreensão e atividades positivas, como reconhecer e incentivar as boas atitudes.
“Ao elogiar uma boa ação dos filhos, estamos incentivando que eles continuem agindo daquela forma, mostrando que estamos atentos, também, ao que fazem de bom; não só àquelas coisas erradas. Isso faz com que os comportamentos negativos vão perdendo a força”, explicou o psicólogo e facilitador do grupo, Pablo Juan Elola.
Ele destaca a notável mudança dos pais, ao ouvi-los relatar seu dia a dia em casa. “Estão entendendo melhor o que é ser criança e a não cobrá-las como se fossem adultos, por isso abordamos também as etapas do desenvolvimento infantil”, explica.
Assim Jorge Luis Santana se define após a participação no programa. De uma realidade onde ações de descontrole falavam mais alto, às vezes, no convívio com os filhos, para outra, onde tolerância, paciência e diálogo têm se sobressaído. “A minha criação foi de intolerância e com violência… O ACT me ajudou a repensar como estava agindo e em como alguns gestos são irreversíveis. Aprendi que é possível colocar limites e dar disciplina com outros meios que não seja a violência”, frisa.
Pai de quatro filhos (crianças e adolescentes), Jorge comenta a importância de dedicar tempo para momentos de descontração com a família – algo simples, como ir à pracinha – e, também, de se permitir mudar padrões de atitudes enraizados. “O que aprendi aqui vou levar para a vida toda. A mente precisa sempre evoluir”, acrescenta.
Para a coordenadora do programa, Alicéia Ceciliano, a metodologia plantou uma semente no coração das pessoas, ao possibilitar a reflexão a respeito do tipo de pai e mãe que são e como querem ser para seus filhos. “Percebemos o poder transformador nos relatos, que descrevem a mudança das relações em casa. Pequenas, mas muito significativas, como não gritar mais com as crianças”, enfatiza. Em março, uma nova turma de facilitadores será formada – atualmente são 14 profissionais habilitados.
Pelotas foi a primeira cidade do mundo a implantar a iniciativa – presente em 14 países – como política pública, em escolas e centros de assistência social. Os facilitadores do programa recebem capacitação, semanalmente, com psicólogo para rever os conceitos trabalhados com as famílias, o que dá mais propriedade e segurança à atuação dos profissionais. Desde o ano passado, 330 famílias foram beneficiadas pela metodologia em Pelotas.