Ideia do município nordestino é conceber um programa de segurança pública que tenha tão bons resultados como Pelotas, que reduziu a criminalidade depois da sua implementação
03-03-2020 | 17:57:05
Os bons resultados do Pacto Pelotas pela Paz, relacionados à diminuição dos indicadores criminais, sobretudo, referentes aos crimes contra a vida, e à integração entre órgãos ligados à segurança mobilizada pelo projeto de segurança inspiram o município de Caruaru, em Pernambuco. Nesta semana, representantes da prefeitura da cidade nordestina ficam em Pelotas para acompanhar as estratégias e projetos do Pacto responsáveis por reduzir os números e, principalmente, construir uma cidade mais pacífica e harmoniosa para o futuro dos pelotenses.
Exemplo dos reflexos positivos é o registro, no final de 2019, do menor acumulado de crimes violentos letais intencionais e do menor número de roubo a pedestre em Pelotas desde 2015. Além disso, projetos de prevenção à violência, que incluem o cuidado com a primeira infância, a prevenção da gravidez precoce, metodologias que fortalecem os vínculos familiares, oportunidades de trabalho para jovens em vulnerabilidade, ações que reduzem a evasão escolar e a ressocialização de apenados também são modelo para os caruaruenses.
“Viemos conhecer as experiências porque sabemos que Pelotas é um case de sucesso. Queremos implementar em Caruaru e, com muito trabalho, torcer que haja êxito assim como houve aqui. As expectativas são altas porque nós estamos começando e aqui existem profissionais com vasto conhecimento que, com certeza, vão enriquecer a nossa atuação”, afirmou Jonas Augusto Chaves, analista da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão.
A primeira agenda cumprida por ele e a colega Larissa Pontes Leandro foi a reunião do Comitê Integrado de Prevenção (CIP) – que reúne as coordenadorias de cada projeto de prevenção para relatar o andamento das ações e vislumbrar as próximas atividades. O encontro ocorreu nesta terça-feira (3), no Paço Municipal. Depois de ouvirem relatos sobre algumas das iniciativas articuladas pelo Pacto, os visitantes demonstraram entusiasmo para replicar o conhecimento em Caruaru.
Segundo Chaves, a cidade pernambucana – assim como tantos municípios brasileiros – enfrenta os problemas gerados pela violência. A ideia é aplicar os aprendizados em território pelotense de acordo com a realidade da sua cidade, que tem porte semelhante a Pelotas – entre 300 e 400 mil habitantes. Para o analista, é bastante relevante o fato do Pacto pela Paz buscar resolver a raiz do problema e não só as suas consequências mais aparentes.
“Os projetos mostram que vão a fundo nas questões e não tentam solucioná-las com políticas públicas paliativas. Isso é muito importante para todo o Brasil”, apontou o representante do projeto Juntos pela Segurança, de Caruaru, ainda em fase inicial.
O município já foi buscado por outras cidades e instituições como exemplo na redução da criminalidade, através do Pacto. Em 2019, a Fundação Abrinq – instituição que desde 1990 mobiliza a sociedade para questões relacionadas aos direitos da infância e da juventude – esteve em Pelotas para conhecer as ações desenvolvidas pela Prefeitura nos âmbitos de saúde, educação, assistência social e proteção de crianças e adolescentes.
No início deste ano, representante da Parceria Global pelo Fim da Violência contra Crianças veio ao município com o mesmo propósito. Como resultado, a possibilidade de Pelotas ser o segundo município brasileiro, após São Paulo, a se tornar um Território Pioneiro, dentro da concepção de Países Pioneiros.
Entre os projetos apresentados para a dupla caruaruense, nesta terça, as iniciativas Cada Jovem Conta, que identifica estudantes em perigo de evadir a escola e delimita ações dentro da saúde, educação e assistência social, a fim de protegê-los e solucionar problemas que afetem o convívio familiar, e o Mão de Obra Prisional (MOP), premiado nacionalmente e responsável pela revitalização de 30 unidades de saúde na cidade.
Além do MOP, outras propostas também se concentram na geração de trabalho prisional e na promoção de atividades de formação e qualificação. O objetivo é impactar na redução da reincidência criminal e, consequentemente, na queda dos índices de violência.
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Exemplos disso é o ArteCon P – uma fábrica de tubos e blocos de concreto montada no Presídio Regional de Pelotas pelos próprios apenados – e a Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac) – Pelotas será um dos primeiros municípios gaúchos a ter um Centro de Reintegração Social, que consiste em uma alternativa ao modelo prisional convencional e prevê índices de até 90% de reinserção social.
A reunião do CIP contou com a participação de representantes da Comunitas e do Instituto Cidades Seguras - instituições que prestam consultoria ao Pacto -, Washington Bonfim e Alex Brandão, respectivamente.