Com a nova pesquisa de vitimização, a ser realizada no próximo ano, a política pública da Prefeitura vai iniciar o ano com novas metas a serem desenvolvidas, ao mesmo tempo em que, as já consolidadas, serão fortalecidas
Por Marina Amaral 29-12-2021 | 10:03:16
Ao longo de 2021, todos os projetos dos eixos de atuação do Pacto Pelotas pela Paz estiveram ativos, apesar das dificuldades sanitárias causadas pela pandemia do coronavírus. Mais de 2 mil pessoas foram atingidas em 139 edições do Círculos de Construção de Paz, ferramenta de acolhimento e prevenção de conflitos da Justiça Restaurativa, estratégia que integra o eixo de Prevenção Social. No mesmo período, o programa ACT - Criando Crianças em Ambientes Seguros, que retomou à presencialidade, atendeu 68 famílias, sendo 20 delas de apenados do Presídio Regional (PRP) de Pelotas e seis, no Sistema Socioeducativo em Medida de Internação. Já o Primeira Infância Melhor (PIM) e Criança Feliz passou de 150 indivíduos em acompanhamento, para mais de 1 mil. Para 2022, a política pública da Prefeitura planeja priorizar o tema da primeira infância, por meio do desenvolvimento do Plano Municipal, e a elaboração de novos objetivos, por meio da nova pesquisa de vitimização.
A nova pesquisa de vitimização, a ser realizada em 2022, terá como objetivo levar os principais dados da realidade de vitimização na cidade e percepção dos residentes sobre as temáticas que envolvem a violência, conforme explica a assessora especial e coordenadora executiva do Pacto Pelotas pela Paz, Aline Crochemore. A partir dessas informações, que serão traçadas com os dados produzidos pelo Observatório de Segurança Pública e Prevenção Social, a política pública do Município ganhará novos propósitos. Essa será a segunda pesquisa do tipo a ser executada dentro do Pacto. A primeira, feita em 2017, serviu de base para definir as prioridades para o planejamento para a concepção do programa.
Ainda na área da Governança, está prevista a criação de Núcleos Territoriais da Construção de Paz, os quais serão caracterizados como espaços de escuta da população de Pelotas com relação a demandas de prevenção à violência nos bairros. Esse tópico também será difundido no âmbito municipal, por meio da promoção de ações de constituição de uma cultura de paz no serviço público.
Em 2022, o Pacto pretende focar, também, na qualificação da Governança Migratória no município, priorizando ações que contemplam cinco temas: construção do Plano Municipal de Atenção aos Migrantes, Refugiados e Apátridas; promoção de rodas de conversa com fomento a eventos e feiras culturais; criação de quatro pontos de referência para informação qualificada para a população migrante, sendo um na Rodoviária, outro no Aeroporto, e os dois restantes na Delegacia da Polícia Federal e no Mercado Público; organização de Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de referência para atendimento a migrantes; e, por fim, desenvolvimento de oficinas de geração de renda para mulheres migrantes, a fim de fomentar a economia criativa e o empreendedorismo em Pelotas.
Ainda de acordo com Aline, o eixo de Prevenção Social também terá o funcionamento do programa Cada Jovem Conta somado ao fluxo do Busca Ativa Escolar, iniciativa que está sendo implantada na cidade. Ambos possuem como objetivo mútuo o combate à evasão escolar de crianças e adolescentes. Outra ação que será iniciada em 2022 é o programa Famílias Fortes, que trabalha no fortalecimento de vínculos entre pais e filhos de dez a 14 anos. Os jovens com idade a partir de 14 anos, até os 22 anos, também são prioridade no Mapa de Oportunidades, com projeção para ampliação para migrantes refugiados, mulheres em situação de violência e egressos prisionais.
Após a instituição do Comitê Intersetorial da Primeira Infância em junho de 2021, com a Portaria 032, com a união de 19 secretarias, e a finalização da Etapa de Diagnóstico e posterior apresentação em novembro para a prefeita Paula Mascarenhas, com apoio do Instituto da Infância (Ifan) e da Fundação Bernard Van Leer, da Rede Urban 95, o tema da primeira infância em Pelotas passará a ter um Plano Municipal (PMPI), com diversas ações.
“Em fevereiro estaremos retomando o trabalho presencial com a oficina de planejamento estratégico e, para tanto, estamos, neste momento, em cada secretaria ou autarquia que compõem o Comitê, refletindo sobre os desafios e estratégias para mudar o diagnóstico verificado. Vamos avaliar como cada um pode melhorar suas ações relacionadas à primeira infância ou como cada setor da administração pública que ainda não desenvolve ações para a primeira infância pode implementar iniciativas para atender ao público com faixa etária de zero a seis anos. O PMPI deve estar concluído e aprovado ainda no primeiro semestre de 2022”, detalhou a coordenadora, Jaqueline Dutra.
Com foco no tema “Brincar ao ar livre”, o eixo de Urbanismo irá dar andamento aos projetos ligados à Rede Urban95, iniciativa da Fundação Bernard van Leer e do Instituto Cidades Sustentáveis, ampliando para outros territórios de Pelotas as intervenções urbanas voltadas ao bem-estar, segurança e qualidade de vida das crianças de zero a seis anos de idade. Segundo a responsável pela iniciativa, a secretária de Gestão da Cidade e Mobilidade Urbana (SGCMU), Carmem Roig, dentre as atividades previstas está a criação de micro parques perto das Escolas Municipais de Ensino Infantil (Emeis) e a execução de calçadas acessíveis e lúdicas. “Vamos qualificar ao máximo possível a cidade em todas as ações da Secretaria, priorizando sempre as crianças e as pessoas que cuidam delas”, adiantou.
Também no perímetro urbano, os eixos de Policiamento e Justiça e Fiscalização Administrativa planejam, para 2022, atuar com ênfase nas ações de combate à perturbação do sossego. Em dezembro de 2021, durante uma reunião do Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGI-M), teve início a discussão para definir os termos do regramento, a fim de construir de forma integrada a norma que será tão importante para Pelotas.