Aproximadamente 500 famílias já foram beneficiadas pela proposta de segurança à criação de crianças
Por Tânia Magalhães 25-04-2023 | 15:33:34
O programa ACT Criando Crianças em Ambientes Seguros completou, na sexta-feira (21), seis anos de prática em Pelotas. Trata-se de uma política pública integrada ao eixo de prevenção do Pacto Pelotas Pela Paz. Desde a implantação, com a formação da primeira turma de facilitadores, em 2018, cerca de 500 famílias já se beneficiaram com a proposta de desenvolvimento das crianças em lares sem violência.
O ACT é um programa criado pela Associação Americana de Psicologia, adotado em diversos países, com finalidade voltada à prevenção à violência. Pelotas foi a primeira cidade do mundo a adotá-lo como política pública. Criar crianças em ambientes seguros é o foco no município e, atuando no ACT, facilitadores trabalham com as famílias, preparando pais, mães, avós ou cuidadores para a rotina saudável e harmônica com os menores.
“Realizamos oito encontros, um por semana, com duração de duas horas. As reuniões são nas Escolas Municipais de Educação Infantil (Emeis), nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras), nos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas) e na Secretaria de Assistência Social, onde é recebida uma turma composta por membros do programa Família Acolhedora e os encaminhados pela Promotoria da Infância e da Juventude e pelo Conselho Tutelar”, informa a coordenadora do ACT, Alicéia Ceciliano.
Para a assessora especial do Pacto Pelotas Pela Paz, Aline Crochemore, “As evidências científicas indicam que a implementação de programas de orientação a cuidadores tem impacto muito positivo na redução da violência contra crianças, especialmente, na primeira infância. O ACT é uma importante ferramenta nesse sentido e temos muita alegria em oferecê-lo às famílias pelotenses.”
Carla Débora da Cunha, mãe de menina aluna do Maternal da Emei Jacema Prestes, que completará quatro anos nos próximos dias, relata sua experiência nos encontros do ACT e os conceitua como positivos.
“As facilitadoras falavam sobre sentimentos, reações das crianças, e traziam à lembrança passagens de nossa infância, de nossos costumes, levando-nos a lembrar que não achávamos bom ouvir gritos e receber pequenas violências. Essas conversas nos levavam a refletir sobre muitas coisas e, a partir daí, reavaliar a maneira de criar os filhos, para que vivam em ambiente com harmonia e paciência”, afirma Débora.
Para essa mãe, os encontros semanais com as facilitadoras do programa auxiliaram pais ou responsáveis a ampliar a visão sobre a formação e o convívio com os menores. “Fomos induzidos à reflexão quanto ao comportamento com os filhos, entendendo que até mesmo pequenos gestos, que faziam parte da nossa criação, eram manifestações de violência e não devem ser repetidos na convivência com as crianças.”
O ACT em Pelotas possui 50 facilitadores. São assistentes sociais, coordenadores de Emeis ou vinculados à Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). Além da formação de origem, para tornar-se um facilitador, o profissional passou por capacitação específica do programa, ministrada pelos master trainers - coordenadora do ACT, Alicéia Ceciliano, e psicólogo Pablo Zaffaroni.
“A formação capacita os profissionais para promover, junto às famílias, as propostas de prevenção à violência do Criando Crianças em Ambientes Seguros. Grande parte das famílias atendidas pelo ACT enfrentam situação de vulnerabilidade, além das que têm dificuldades para conviver e orientar os menores na etapa de seu desenvolvimento”, relata a coordenadora, acrescentando que a evolução satisfatória nos ambientes de convivência das crianças com seus pais, familiares ou cuidadores, é relatada constantemente pelas próprias famílias e pelas professoras.
No município, o programa teve avanços significativos desde a sua implantação. Um dos exemplos é o fato de ter sido aplicado dentro do Presídio Regional, preparando detentos para a reinserção no ambiente familiar sem violência. Além disso, aumentou o número de facilitadores, a partir da formação master trainer de dois profissionais do ACT local, habilitando-os a aplicar o curso de formação, sem a necessidade de pessoas de fora para essa tarefa.