Técnica incentiva laços familiares e atua no desenvolvimento infantil
08-02-2018 | 14:59:39
Pelotas será pioneira ao trazer para o Brasil uma metodologia pedagógica capaz de aproximar mães e filhos enquanto influencia na capacidade cognitiva e social da criança, por meio do compartilhamento de livros. Com eficácia comprovada em países como Inglaterra, Estados Unidos, África do Sul e Itália, o Book Sharing é uma técnica muito simples baseada na interpretação de imagens de livros infantis para fortalecer vínculos familiares e prevenir a violência na primeira infância. A capacitação de servidores municipais para o uso da estratégia, integrante do Programa Infância Protegida, do Pacto Pelotas pela Paz, começou nesta semana.
A Universidade Federal de Pelotas (UFPel), sob a coordenação do pesquisador do Centro de Pesquisas Epidemiológicas, Joseph Murray, ofereceu a capacitação e será responsável também por um experimento com aproximadamente 200 famílias, alcançadas pelas atividades da Coorte 2015.
O diferencial em Pelotas será ir além da implantação da ferramenta ao ser a primeira cidade a realizar um estudo para avaliar a eficácia do procedimento na prevenção de fatores de risco de vulnerabilidade social.
O início da qualificação dos profissionais das secretarias de Saúde (SMS) e de Educação e Desporto (Smed) contou com colaboração dos professores Lynne Murray, da University of Reading, na Inglaterra, e Peter Cooper, da University of Cape Town e da University Stellenbosch, ambas na África do Sul. A proposta é formar facilitadores para ensinar o uso da técnica na rede municipal de ensino e nos domicílios sob a cobertura do Programa Primeira Infância Melhor (PIM).
“Não se trata de um programa de leitura e, sim, de um método de compartilhar técnicas para ler livros e desenhos de forma a incentivar a criança a interagir com esse conteúdo e assim aproximar pais e filhos”, observou Cooper.
Também presente na cidade, Lynne Murray, falou sobre os benefícios alcançados em várias regiões no mundo.
“Sabemos por experiências de vários países, que o oferecimento do programa auxilia no desenvolvimento da linguagem, atenção, concentração, de habilidades e no desenvolvimento social”, apontou.
A integrante do Grupo Técnico do PIM, Tatiana Afonso da Costa, considerou a facilidade de execução, até mesmo em famílias com diferentes necessidades, um dos maiores potenciais a ser aproveitado.
“Esta ferramenta vem como um instrumento pedagógico importante para estimularmos os vínculos de relacionamento e também questões de linguagem que os visitadores podem usar para ampliar o trabalho junto às famílias em vulnerabilidade social”, enfatizou.
A coordenadora do Programa Infância Protegida, Sheila Strelow, também aprovou a chegada da estratégia.
“A metodologia vai nos ajudar a aprimorar o trabalho com as gestantes, mães e avós, pois agora também vamos atuar no desenvolvimento da criança”, avaliou.